Na primeira infância as crianças ainda estão tentando compreender e se colocar no lugar do outro e isso leva um tempo para acontecer. Se a criança não lê e não compreende o que os colegas sentem, conclui que somente os seus sentimentos e desejos têm importância. E é por isso que é difícil compartilhar.
Outro fato que pode dificultar: crianças muito pequenas agem por impulso e não conseguem freá-los, mesmo que sejam corrigidas centenas de vezes. Assim, é somente a partir dos 30 ou 36 meses que as crianças começam a compartilhar… veja bem, começam! Como podemos ajudar nessa fase? Vamos descobrir a seguir.
Brincadeiras que servem de exemplo
Nas brincadeiras de pôr e tirar, empilhar e guardar, podemos enquanto adultos, provocar um revezamento de ações. Primeiro colocamos um objeto e deixamos outro para a criança colocar, alternadamente. Quando as crianças já souberem virar as páginas do livro, faça a mesma brincadeira, sugerindo que cada uma vire a página na sua vez.
Esse tipo de brincadeira começa a construir experiências positivas e amorosas em relação a esperar a vez e alternar ações com os outros. Trabalhamos uma compreensão que pode se refletir em outras situações de relação.
Crianças menores de 3 anos
Com crianças menores de 3 anos, é mais trabalhoso desenvolver atividades com poucos materiais, quando está em grupo. Por isso, quanto menores as crianças, mais materiais são necessários. Pense nisso quando oferecer uma festa, uma atividade com colegas em casa. É importante que “esperar pela vez” não seja por um período muito longo. Assim a criança vai aprendendo, mas sem estresse.
Reforçando boas atitudes
Reforce as situações em que as crianças se relacionam e compartilham: gosto muito de ver você emprestar a bola para a sua amiga! Entre irmãos: Estou gostando de ver que cada um segura o brinquedo um pouquinho e passa ao outro! Muito gostoso ver vocês jogarem esse jogo! E também sinalize que eles estão fazendo um esforço para que tudo isso aconteça e que você compreende essa dificuldade;
Incentivando o compartilhar
Nas disputas por objetos, ofereça opções. Quem sabe uma das partes se interesse mais por aquilo que você está oferecendo? Propostas com areia, água, artes visuais e materiais de largo alcance (não estruturados) também acalmam as crianças, porque concentram o foco nos desafios e não requerem muitos compartilhamentos. Por outro lado, estimulam a criação de brincadeiras espontâneas que podem envolver trocas espontâneas. Oportunize isso às crianças.
Crianças gostam de revezar brincadeiras quando o revezamento é divertido. Em grande parte dessas situações, eles até se divertem mais com o sinal e a agitação da troca do que com os materiais propriamente ditos. Propicie isso.
Sobre o amadurecimento e o compartilhar
À medida que vão amadurecendo, deixe que elas próprias sugiram formas para resolver seus conflitos. Geralmente as crianças sabem como solucionar e se policiam para cumprir os combinados. Além da observação e intervenção, o planejamento da estrutura dos espaços também merece destaque.
É importante dar espaço às crianças
Ambiente apertado, muito limitado, falta de contato com a natureza, poucas opções de brincadeiras e espaço para movimentos amplos (característicos dessa fase da vida), cria tensão e disputa. Por isso é importante ter garantido espaço para ação e expressão de corpo inteiro.
A educação é uma constante
Todas essas dicas, não valem somente para ensinar a compartilhar. São dicas que valem para muitos aspectos na educação e formação da criança.
Desenvolver a empatia, se colocar no lugar do outro, expressar sentimentos e desejos e praticar estratégias para convencer são lições aprendidas por toda a vida. Educar para desenvolver as relações é muito importante e precisa de calma para analisar a situação, perceber se ela se resolve sem interferência e, se necessário intervir considerando todas as partes, ceder. É negociar com as crianças, ensinando-as a negociar.
Vera Regina
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