Sabemos que um dos desafios em dar limite às crianças está em conseguirmos ser firmes em nossas orientações sem deixar que gentileza se perca nesse processo. Gerando carinho, empatia e respeito pela dor da frustração que estão sentindo.
Como exemplo, podemos pensar em um momento da rotina: a hora de parar de brincar para ir tomar banho. Compreender que é frustrante para a criança ter que largar a brincadeira, no horário que não foi estabelecido por elas, pode nos ajudar a ficarmos mais empáticos com a “dor” delas. Mas ser empático não significa que deixaremos que ela escolha sozinha e saia da brincadeira a hora que quiser.
Uma sugestão seria dizer a ele: “Fulano(a), parece que você gostaria de continuar brincando, podemos brincar mais cinco minutos, ok? Depois vamos para o banho”. Nesse momento você também pode explicar o motivo de forma simples e firme.
Se estivéssemos no lugar das crianças por um instante e tivéssemos outro adulto, chamado mãe ou pai, que sabe mais do que nós sobre o que precisamos e que fica nos dizendo o dia todo: “hora de acordar!”, “hora de dormir!”, “coloque sua roupa”, “tire seus sapatos!”, “vá escovar os dentes!”, “já estamos atrasados!”, “vamos para o carro!”, “rápido!”. Como nos sentiríamos? Já pensou nisso?
Uma vez que nos colocamos no lugar das crianças, entendemos que ela faz birra porque sente que suas necessidades não foram escutadas. Agora, que fique claro que respeitar uma criança não significa ceder a todos os seus desejos. Respeitar é levar em conta a sua dor, a sua frustração, fazer com que ela sinta que suas necessidades foram ouvidas.
Ser firme e ao mesmo tempo gentil ao estabelecer limites para uma criança na 1ª infância é uma arte, é se manter firme em sua objeção de maneira equilibrada, amorosa, atenta e solidária.
Ensinamos, com esse comportamento, que elas podem desejar e sentir, que são dignas de respeito, pois seus desejos foram escutados e considerados por nós, embora nem sempre atendidos.
Ensinamos que elas podem se entristecer, se frustrar, que a frustração dói e, quando doer, podem expressar sua dor e chorar, que serão acolhidas, consideradas em seus sentimentos legítimos.
Quando sentem que foram de fato ouvidas/escutadas em suas necessidades com uma fala amorosa e atenciosa, aprendem que se sentir compreendida pode curar, aproximar e deixar mais leve sua dor, entendem o que é empatia, compreensão e solidariedade.
Essa mudança começa em nós, pelo nosso comportamento. É preciso nos informar sobre o desenvolvimento em cada fase, sabendo o que fazer e o que esperar das crianças. Fazer com presença, respirando e sendo conscientes do próprio estado de espírito ao relacionar-se com elas. Esses pontos são muito importantes e funcionarão como pilares no momento de estabelecer limites em vários momentos do dia.
Pais e mães comprometidos com o desenvolvimento da autonomia emocional dos filhos tornam-se bons mestres, orientando-os pelos caminhos que acreditam ser o melhor para eles. Muitas são as vezes em que gostariam de ceder aos limites estabelecidos para não ter que, naquele momento, dialogar e negociar, pois isso cansa e dá trabalho.
É verdade, educar dá trabalho. Educar um filho não é apenas alimentar, vestir e lavar, apesar da importância de cada um desses passos, essas são ações básicas de sobrevivência e obrigação.
Contar com a escola nessa missão é muito bom e é uma parceria que pode gerar bons frutos. Mas lembre-se: educar começa na família.
Veja também: Limites na educação Infantil
Vera Regina
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